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15h30 – Entrevista com o Sr. Etevaldo

Normalmente é fácil reconhecer em um ambiente universitário a turma das áreas criativas. Você olha em volta e vê conversando um grupinho com uma concentração acima da média de tatuagens, piercings, roupas incomuns e cabelos mais incomuns ainda e pode ter certeza que é um grupo de designers. Talvez publicitários se tiver alguém de rabo de cavalo. Certo. E? E que normalmente esse pessoal resolve levar esse estilo visual para a vida profissional. Ok, ok, reconheço que muita gente acha que um criativo tem de ter um visual? bem? um visual criativo. Só que, Joãozinho, não é sempre assim que a banda toca.

Se você é do tipo que trabalha em casa, só lidando com clientes pela Internet de modo que ninguém vai ver a sua cara ? quando muito um avatar no MSN ou no SecondLife ? é claro que isso não faz a menor diferença. Mas, chamem-me de retrótrado se quiserem, mesmo com toda a tecnologia de comunicação atual ainda não inventaram uma forma melhor de trocar idéias e resolver problemas do que o encontro pessoal. Reuniões com clientes acabam sendo necessárias em alguns pontos?chave de qualquer projeto. E se você quer ter a velha carteira de trabalho assinada não há como fugir das entrevistas com contratadores ou a turma do RH. E aí, garotada, é que o visual ?criativo? pode ser, como dizia um amigo meu, uma ?faca prá dois legumes?.

?Pô, cê quer dizer que eu vou ter de tirar os meus piercings e alargadores??, pergunta o rapaz na quarta fila, ?E o que eu faço com minhas tatús??

Calma, rapaz? Calma? Também não precisamos ser radicais nem por um lado nem por outro. É claro que cada um de nós tem seu estilo de ser, que casa muito bem com nossas vidas particulares. Mas ao travarmos contato com clientes ou entrevistadores temos de nos lembrar que o que está em jogo ali não é apenas nosso talento e experiência mas o quanto o contratante vai achar que nós conseguiremos nos adequar à cultura empresarial ou ao modo de ver o mundo particular da sua firma. E não podemos nos enganar achando que o meio empresarial brasileiro, principalmente o corporativo, é progressista e aberto a novas idéias. Muito pelo contrário, o empresário brasileiro típico, seja de qual porte for, é conservador e muito fechado às possibilidades de experimentação e ousadia. O que ele quer é algo que seja de acordo com a norma vigente do mercado onde atue, que tenha uma certa identidade mas que não se destaque. Acreditem, já ouvi um cliente rejeitando uma identidade visual pois achou que iria destacar a marca dele do meio de outras. Da mesma forma, se você chega no contratante com uma aparência que ele ache que vai destacar você do restante da equipe ou que demonstre a um cliente que suas idéias são muito avançadas, corre o risco sério de perder a vaga ou o trabalho.

E aí? O que fazer? Ora, bolas! Será que justo você, Joãozinho, um designer competente não viu uma saída para esse dilema? Já viu? Que bom! Isso mesmo, da mesma forma que você busca equilibrar uma peça gráfica a saída é equilibrar a sua imagem. Principalmente com suas atitudes.

A primeira coisa é simples, chama?se postura. Aquilo que sua avó vivia reclamando que você não tinha. São esses seus ombros caídos para frente, as costas curvas, pernas arqueadas e por aí vai. Apresentar-se com uma postura ereta, demonstrando uma elegância quando se anda e quando se está parado sempre são uma boa idéia para causar uma boa impressão. Da mesma forma, nada de se jogar na cadeira. E não estou falando de colocar uma perna por sobre o braço da mesma ou os pés na mesa do entrevistador. Falo de não ficar largado como se fosse um saco de lentilhas no chão da venda mas sentado que nem a vovó gosta de ver.

E roupas também são importantes de serem pensadas. Não que você deva ir com a mesma roupa que um administrador de empresas iria. Certamente isso iria parecer mais falso que uma escandinava sambando na Sapucaí e dizendo que é mulata. Mas aqui que ninguém aqui vai se sentir aviltado em seus princípios existenciais de identidade pessoal mais básicos só por usar durante algumas horas uma camiseta que pareça uma camiseta e não uma vestimenta alienígena. Mostre que você tem um estilo moderno e pessoal mas que também tem flexibilidade mental suficiente para saber trabalhar com limites e ambientações diversas. Pode ser também um excelente exercício de criatividade para você. Claro que não precisamos nem nos aprofundar na questão das roupas limpas, passadas e bem cuidadas.

Aliás, por falar em bem cuidados, cabelos e barbas são outro ponto a serem cuidados. Não importa a cor ou o tamanho (ou ausência de). Se parecem limpos e arrumados, bem cortados e aparados, já está muito bom. Mostra que você é alguém que liga para as coisas.

Porém o mais importante é ? sem sombra de dúvida ? sua educação. Esqueça o linguajar próprio que você usa com a sua turma ou mesmo sua família. Ali você está na Roma dos outros e então haja como aqueles romanos de lá. Deixe para lá as gírias e o jargão técnico (que, convenhamos, é só outra forma de gíria) e busque comunicar?se em um Português correto e claro. Pode parecer que não mas mesmo o sujeito com o maior visual de punk ou funkeiro irá parecer alguém extremamente agradável de se lidar e não alguém agressivo se falar de forma tranquila, correta e educada. Falar corretamente também demonstra que você domina o nosso idioma e, portanto, é alguém gabaritado no quesito comunicação.

De forma geral, não estou dando conselhos muito diferentes do que a Tia Zeferina deu a qualquer um de nós e continua dando, pelo visto. Mas não são apenas caretices dos parentes mais velhos que tinham mania de beliscar nossas bochechas quando éramos crianças. São dicas de boa convivência social que normalmente ignoramos com grupos nos quais somos íntimos mas que devem sermpre ser lembradas quando estamos travando contato com outros grupos sociais. Ainda mais quando os representantes desses grupos sociais podem decidir se vamos levar grana no processo ou não!

Ao nos apresentarmos como profissionais de design não estamos cumprindo um estereótipo do criativo ou lidando com a nossa patota. Não estamos ali como o sujeito ou a garota legal e descolada na balada. Estamos ali como profissionais e precisamos passar uma imagem profissional. Se só ver nosso portfólio genial fosse o bastante, ninguém faria entrevista. É no contato pessoal que um avaliador decide se somos ou não o empregado ou o fornecedor que eles querem. Então, pelo bem de nossos próprios bolsos: deixemos nosso ego alternativo de lado e aprendamos que agir profissionalmente não é apenas ter grandes idéias mas também cuidar de nossa imagem pessoal.

Em suma, quando for apresentar?se a um cliente ou entrevistador pense em si mesmo como em uma peça de design e se pergunte: ?a mensagem que estou passando para meu público-alvo é a de que eu sou um profissional ou um alienígena de outra galáxia??

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