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Pregnância

Estava concentrada na função de espremer meus pobres neurônios contra a caixa craniana em busca de algum assunto que pudesse servir de tema para a minha coluna semanal, quando uma mensagem veio me salvar. Um jornalista queria me entrevistar por e-mail sobre a questão da pregnância da forma no webdesign.

Bem, como meu currículo é de domínio público e tenho certeza de que nada nele leva a crer que eu seja especialista em webdesign, creio que o moço deva ter tido algum bom motivo para pedir a minha leiga opinião, uma vez que a Internet está cheia de gente mais qualificada para falar sobre o assunto (desconfio que essas pessoas mais qualificadas não tenham o hábito de responder e-mails; é claro que isso é só especulação, mas não consigo encontrar outra explicação). A julgar pelo teor das perguntas, o jornalista certamente fez muito bem a lição de casa. Penei e tive que pesquisar muito para não passar vergonha. Com a pregnância eu já tinha até certa intimidade, mas a aplicação na web é que foi o calo. Vou compartilhar aqui o que aprendi graças ao meu bom hábito de responder todos os e-mails que me chegam.

A pregnância é uma velha conhecida no design. A idéia básica partiu dos filósofos Imanuel Kant, Wolfgang von Goethe e Ernst Mach, que diziam que a percepção era um ato unitário. Eles queriam dizer queas pessoas não percebem as coisas aos pedaços; elas organizam as informações de maneira a dar um sentido ao conjunto. No início do século passado, psicólogos conterrâneos desses senhores investiram na idéia e criaram a psicologia da Gestalt. Essa palavra alemã significa justamente “a integração das partes em oposição à soma do todo”. Sabe aquela história de que um mais um é sempre mais que dois? Pois é, vai por aí… a metáfora mais conhecida é aquela que diz que se cada uma das doze notas de uma melodia fosse ouvida por uma pessoa diferente, a soma das experiências dessa turma não corresponderia à de uma pessoa que ouvisse a melodia toda. E não é que é mesmo?

E para que serve esse papo todo? Bem, a teoria da Gestalt busca descobrir por que algumas formas agradam mais às pessoas do que outras. Para tanto, determinou-se oito leis que regem a percepção visual: a unidade, a segregação, a unificação, o fechamento, a continuidade, a proximidade, a semelhança e, voilá, apregnância da forma (pensou que eu tinha esquecido?).

Pregnância (do alemão Prägnanzé a capacidade de perceber e reconhecer formas. Se a forma é complicada, cheia de voltinhas e detalhes, e ainda estiver no meio de uma composição cheia de elementos gráficos e imagens, vai ser muito difícil de percebê-la e identificá-la. Estamos diante, então, de uma peça com baixa pregnância.

Porém, se a forma for simples, clara, e ainda por cima, situada sobre um fundo branco, sem disputar a atenção com ninguém, então temos uma peça gráfica de alta pregnância. Bom, você já percebeu que a pregnância pode ser da forma em si ou do contexto no qual ela está inserida.

Marcas gráficas sempre devem ter alta pregnância nas suas formas essenciais, pois um de seus objetivos é serem percebidas seja qual for o contexto. Se a marca for um brasão cheio de detalhes, vai ser muito difícil diferenciá-la de outros elementos gráficos num mundo tão cheio de informações como o nosso. Em marcas, alta pregnância é um dos requisitos fundamentais, sinal de bom design.

Já na web, é importante que as páginas tenham um design que favoreça a alta pregnância, pois isso favorece a usabilidade, que é a facilidade com que o usuário consegue encontrar o que está procurando. Nos ícones, esse fator é ainda mais crítico. Se o desenho no botão for complicado, ele não será compreendido e não cumprirá a sua função.

Mas é claro que nem tudo é tão simples, né, mané? Senão, fazer sites seria mamão-com-açúcar. O problema é que no design (e no webdesign também), tão importante quanto a função, é o significado. Tem usuário que se sente mais confortável, integrado e estimulado em um ambiente visualmente poluído e cheio de informações competindo pela sua atenção. Do ponto de vista ortodoxo, mau design. Do ponto de vista contemporâneo, design adequado.

E durma-se com uma pregnância dessas.

Lígia Fascioni | www.ligiafascioni.com.br

 

Publicado por Lígia Fascioni

Lígia Fascioni é engenheira eletricista, especialista em marketing, mestre em automação e controle industrial e doutora em engenharia de produção na área de gestão integrada do design. Publicou "Quem sua empresa pensa que é?" (2006), "O design do designer"(2007), "Atitude profissional: dicas para quem está começando" (2009) e "DNA Empresarial" (2010). Atua como consultora empresarial e palestrante. Ministra disciplinas em cursos de graduação e pós-graduação (MBA) em marketing, inovação e design. Mantém o site www.ligiafascioni.com.br e www.atitudepro.com.br. É colunista do portal Acontecendoaqui.com.br e colabora com diversos sites e blogs sobre marketing e design.

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